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BAKUNIN FAZIA POLÍTICA?
Eric Vilain
Article mis en ligne le 26 de Março de 2012
dernière modification le 5 de Março de 2023

por Eric Vilain

Source : « Bakounine faisait-il de la politique »,
La Rue, revue culturelle et littéraire d’expression anarchiste,
n° 33, 2e trimestre 1983

Version en langue portugaise In : Marxismo e Anarquismo

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Projeto Editorial Plínio Augusto Coêlho © Edição e Tradução Bruno P. Albuquerque Coelho Ana M. Pérez Dantas

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O ANARQUISMO É UMA CORRENTE sociopolítica de essência pequeno-burguesa, cujos individualismo exagerado e subjetivismo traduzem a protestação da pequena burguesia contra o desenvolvimento da grande produção industrial que a acuava à ruína.

É assim que os críticos marxistas autorizados apresentam o anarquismo. Os anarquistas, dizem ainda, entregamse a uma negação abstrata do Estado e de toda centralização.

O anarquismo repousa em sonhos utópicos que visam a criar uma sociedade sem classes e sem Estado, não graças à ação política da classe operária, mas por uma ação tão espontânea quanto aventurista das massas.
Se, ocasionalmente, o anarquismo pôde desenvolverse, isso se deve à falta de maturidade da classe operária a e à sua inexperiência da luta.
Em suma, o anarquismo é uma teoria hostil ao proletariado, que em todos os tempos prejudicou o movimento operário internacional:

1. Porque substitui o pensamento revolucionário pela frase dogmática.

2. Porque substitui a verdadeira organização proletária pelo sectarismo.

3. Porque substitui uma tática refletida com base num estudo lúcido dos fatores objetivos pelo aventureirismo.

4. Porque substitui a análise científica das leis do desenvolvimento social por seus sonhos utópicos sobre a liberdade individual.

Marx e Engels, “fundadores e chefes incontestáveis” da A.I.T. conduziram uma luta vitoriosa contra todas as variantes do anarquismo e particularmente o bakuninismo. As teorias de Bakunin representam, segundo os textos marxistas aos quais nos referimos, não os interesses do proletariado, mas aqueles do campesinato reacionário, ou aqueles dos pequenos comerciantes, ou ainda aqueles da intelligentsia radicalizada (advogados, jornalistas etc.), desorientados pela ascensão da luta de classes. Em suma, há para todos os gostos ou quase.

Felizmente, Marx e Engels estavam lá. Ao irrealismo, ao dogmatismo e às especulações dos anarquistas, eles opuseram uma análise concreta dos fatos, da experiência do movimento operário. Às frases revolucionárias eles opuseram o “socialismo científico”.

Eis, mal esquematizado, o essencial da argumentação dos marxistas contra o anarquismo. O alvo principal de Marx e Engels foi evidentemente Bakunin, seu contemporâneo. Uma das principais censuras que eles fizeram ao revolucionário russo foi “o indiferentismo em matéria política”.
Em uma carta a Louis Pio, de 7 de março de 1872, Engels diz, falando dos militantes bakuninianos:

“Esses senhores reclamam a abstenção total de toda ação política, em particular a não participação em todas as eleições. ”

Marx, por sua vez, crê resumir o ponto de vista de Bakunin, dizendo:

“A classe operária não deve fazer política. Sua tarefa limita-se a organizar-se em sindicatos. Um belo dia, com a ajuda da Internacional, eles suplantarão todos os Estados existentes. ”

E Marx conclui:

“Esse asno nem mesmo compreendeu que todo movimento de classe como tal é necessariamente um movimento político e sempre o foi. ” (Carta a Lafargue, 19 de abril de 1870)

Poder-se-ia multiplicar os textos dessa veia, nos quais abundam as reduções simplistas.

A posição de Bakunin relativa à ação política não se limita evidentemente ao que dela dizem Engels e Marx, ponto de vista que é aquele de inúmeros autores marxistas que parecem fundamentar-se sobre o que dizem os criadores do “socialismo científico” para economizar a leitura de Bakunin.